Anunciado encerramento de escolas desrespeita alunos e famílias

 O Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZCentro) declara-se profundamente chocado com a atitude economicista do Ministério da Educação (ME), revelada nas notícias, que dão conta da extinção de escolas com menos de 20 alunos e a constituição de mega agrupamentos.

O SPZCentro sempre defendeu um ensino de qualidade e nessa medida todas as alterações que visem a melhoria da qualidade, quer das instalações, quer dos meios postos à disposição dos alunos, são de aplaudir.

Contudo, não é possível aceitar que o ME, olvidando as pessoas, se apreste para encerrar escolas sem qualquer respeito pelas populações e pelos seus filhos.

Na verdade, ao extinguir escolas com menos de 20 alunos e ao concentrar os mesmos bem como os docentes em mega agrupamentos, o ME espoleta uma diversidade de constrangimentos. Podendo possibilitar melhores condições a discentes e docentes em termos materiais, está em muitos casos, por um lado, a privar os alunos da proximidade da residência e do apoio dos pais e, por outro, a obrigá-los a deslocações que podem chegar a mais de duas horas diárias em transportes públicos.

O SPZCentro repudia este tipo de medidas que esquecem os alunos e, sob uma pretensa capa de igualdade de todos no acesso às mesmas condições de educação, desloca crianças que são obrigadas a percorrer milhares de quilómetros por ano. E fá-lo numa fase da vida de alunos que são ainda crianças. Estas deslocações acarretam uma violência incomensurável, não só pelas horas que envolvem, como pelas condições em que ocorrem, cavando ainda mais a desigualdade entre os alunos no todo nacional.

Acresce que, em alguns casos, não vão ser só os alunos que vão ser forçados a estas deslocações, mas também os docentes, como é o caso do mega agrupamento que vai aglutinar Vila Franca das Naves, Pinhel e Trancoso e que obrigará professores a realizar itinerâncias com mais de 50 quilómetros. Mas esta medida de reorganização da rede escolar criando mega agrupamentos de escolas vai provocar um agravamento do desemprego nos professores, onde os professores mais jovens ficarão irremediavelmente sem perspectivas de trabalho na educação.

Este é um problema que tem como consequência a não renovação dos quadros docentes, o que constitui um grave erro que o ME não vê ou finge que não vê.

Finalmente, o SPZCentro considera deplorável, numa conjuntura de crise tão profunda, o encerramento de escolas, em muitos casos de dimensões assinaláveis e que se constituíam em pólos dinamizadores das localidades em que estavam implantadas.

Esta atitude do Governo é um acto lesivo do país e de uma recuperação e desenvolvimento que se apregoa, mas que se fica, afinal, pelas palavras.

Coimbra, 2 de Junho  de 2010
O Departamento de Informação e Comunicação do SPZCentro