Hoje é um dia triste para a Educação
Professores estão desgostosos porque quem fica a perder são os alunos e a Educação em Portugal
O Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) não pode deixar de manifestar o seu sentimento de profunda preocupação pelas consequências que a declaração do Tribunal Constitucional vai provocar nas escolas e entre os professores. Não é a decisão em si da inconstitucionalidade da revogação do modelo de avaliação dos docentes, mas o alcance e o efeito num momento particularmente como aquele que se vive nas escolas, na etapa final do ano lectivo e escolar.
Na verdade, depois da aprovação do Decreto n.º 84/XI pela Assembleia da República, os Professores e Educadores sentiram que podiam respirar e dedicar-se ao que de mais essencial tem a sua função docente que é ensinar.
A competitividade que este modelo através de uma avaliação interpares impunha e que, a coberto de uma pretensa avaliação dos docentes, mais não procurava e procura que impedir os docentes de progredir na carreira, independentemente do mérito dos que atinjam esses patamares, poderia agora dar origem a uma cooperação que sempre foi apanágio das relações interpessoais e profissionais entre os docentes nas Escolas.
Por outro lado, a preocupação com o preenchimento das evidências cujo único objectivo era o cumprimento de um portefólio burocrático, poderia ser substituído pelo cultivo das relações interpessoais que dão sentido à Educação e que se fundam no princípio de que os Professores e Educadores têm que ter tempo para as suas tarefas educativas, não podendo as mesmas terminar no final das suas aulas.
Tal, contudo, esfumou-se hoje, com a decisão proferida pelo Tribunal Constitucional.
Os Professores estão hoje tristes, mas não porque não queiram ser avaliados.
Os Professores estão hoje tristes porque vão ser mais uma vez confrontados com um modelo iníquo que não está efectivamente direccionado para o reconhecimento do mérito, mas para a limitação da sua progressão da carreira.
Os Professores estão hoje tristes porque vão ter de se preocupar mais com as evidências e preenchimento de papéis do que com os seus alunos.
Os Professores estão hoje tristes porque não vão poder partilhar os seus saberes e experiências com os outros Professores, porque estão em competição pelas mesmas vagas.
Os Professores estão hoje tristes porque gostam de ser Professores.
Os Professores estão tristes porque quem hoje fica a perder são os alunos e a Educação em Portugal.
O SPZC, ciente da urgência de alterar este statu quo, não vai desistir de lutar por todos os meios pela sua revogação e negociar uma avaliação que sirva para melhorar, efectivamente, a prática pedagógica dos professores e melhorar a qualidade do ensino.