Quarta-feira, 27 novembro 2024

Governo quer destruir esforço titânico de últimas décadas

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Governo quer destruir esforço titânico de últimas décadas O investimento em Ensino, Formação e Investigação é crucial para o desenvolvimento do país. A visão económica e economicista não é compaginável com a qualidade exigível nestas áreas

O Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) verbera severamente e de forma vigorosa a intenção política de diminuir a Qualidade da Educação na Escola Pública em Portugal. A Qualidade da Educação em Portugal não se pode compaginar com visões económicas e, muito menos, economicistas.

Ao longo dos últimos trinta anos Portugal fez um esforço titânico no sentido de possibilitar a todos os portugueses uma formação educativa que permitisse ombrear com os demais concidadãos dos estados membros que integram a UE. Importa não olvidar que passado que foi o tempo do obscurantismo de meio século que nos conduziu a um país com um nível de analfabetismo de 30% que nos envergonhava, Portugal teve de recuperar na área da educação de um atraso estrutural desastroso, que no início da década de 1970 apresentava valores para a taxa de escolarização que tinham sido já alcançados pela maioria dos países europeus, um século antes. Fruto de uma aposta clara na Educação e de uma política de longo prazo, Portugal conseguiu atingir em 2011 um nível de analfabetismo de 5% da sua população.

Esta evolução só foi possível porque ao longo de mais de três décadas existiu um consenso claro de que o futuro do país só poderia ser assegurado com a formação educativa de qualidade dos seus cidadãos. Esta política educativa que democratizou a escola abrindo-a a todos, promoveu também o desenvolvimento e as capacidades de cada um, permitindo a Portugal construir um núcleo de portugueses com elevada competência técnica, reconhecida aliás no estrangeiro que se constituiram como massa crítica essencial para o desenvolvimento do país no presente e no futuro e que face às medidas anunciadas estão em muitos casos a abandonar o país face à inexistência de políticas que sejam susceptíveis de aproveitar o investimento e as capacidades de que os mesmos são portadores. Alheio aos efeitos catastróficos que irão produzir-se no futuro e que voltarão a colocar Portugal na cauda da Europa, retirando ao país a possibilidade de um desenvolvimento económico sustentado alicerçado no reforço dos níveis educacionais e das qualificações dos seus cidadãos e numa aposta na ciência, tecnologia e inovação, áreas afinal que são aquelas em que Portugal deveria investir, por se constituírem no aproveitamento das potencialidades de que os portugueses são portadores, o Governo apresta-se agora para destruir num ápice tudo o que foi conseguido nos últimos 30 anos na área da Educação.

Exemplo disso é o recrudescer da emigração de milhares de portugueses, a maioria dos quais jovens desencantados com o rumo do seu país e altamente qualificados. É incompreensível que depois de tanto investimento em Ensino e Investigação o país se dê ao luxo de desperdiçar os mais bem preparados em saber e conhecimento e, mais grave, convide à fuga destes cérebros e desta massa crítica (na expressão inglesa, brain drain).

  • Ao equacionar a possibilidade de redução do número de docentes, aumento do número de alunos por turma e de cargas horárias para os docentes e alunos, a possibilidade do fim da gratuitidade do ensino, o Governo sabe que o que está em causa não são os custos de Educação é a Escola Pública tal como a Constituição a concebe, é claramente uma outra visão política de Educação.
  • Uma Educação de serviços mínimos, low cost.
  • Uma Educação de cuja qualidade o Estado se demite.
  • Um Educação que irá pôr em causa o futuro do país.
  • Uma Educação que se constitui uma marcha para o retrocesso do país e dos portugueses.

É inadmissível que o Governo não entenda o que significa a Educação para Portugal. Se esqueça dos efeitos a que políticas semelhantes conduziram o país. Ignore o direito que todos os jovens deste país têm a uma Educação de Qualidade. Os portugueses, todos os portugueses, têm de estar verdadeiramente preocupados com as intenções políticas que se anunciam. Para além do futuro do seus filhos e netos que está em causa, está em causa outrossim o futuro da Educação em Portugal e consequentemente o futuro de Portugal.

O SPZC não se conforma com as intenções políticas que se anunciam e irá junto de todos os Professores, Pais, Encarregados de Educação e Portugueses em geral mobilizá-los para a defesa de uma Educação de Qualidade. Uma Educação que permita de forma Universal e Gratuita, no respeito pelo princípio de igualdade de oportunidades, a todos os jovens uma formação de qualidade assegurado por um sistema público de Educação.

 

 

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Creditos Joao Ferrand ; Joao Melo ; Tiago Rodrigues