Novo ano escolar com olhar sobre as legislativas
À entrada deste novo ano escolar as atenções da comunidade educativa e dos professores em particular estão voltadas para as eleições legislativas. Sobretudo, os professores terão uma olhar redobrado nestas eleições e poderão mesmo ser decisivos nos resultados eleitorais das eleições legislativas.
A sociedade sabe e os partidos políticos reconhecem o sentimento de revolta que os professores acumularam durante estes quatro anos de governação socialista.
Os professores portugueses viveram momentos difíceis, marcado pela ofensiva à sua identidade e dignidade profissional.
O clima que se vive na maioria das escolas é de desilusão, de desencanto, de injustiça profissional. Os mais jovens interrogam-se sobre as escolhas que fizeram no momento em que se decidiram pela profissão docente. Os mais experientes questionam-se sobre o sentido da sua entrega de anos e anos, com percursos de vida profissional sinuosos com condições de trabalho pouco dignas de um país que se afirma desenvolvido, chagado com um sistema de colocações como se de errantes peregrinos se tratassem e que, pela nobreza e relevância social da missão que lhes fora conferida, deveria ter sido indiscutivelmente gratificante.
As políticas de reforma quer no plano dos currículos, quer no plano organizacional, quer nas condições de trabalho dos alunos e docentes nas escolas sofrem constantes alterações e parece não se conhecer o verdadeiro rumo.
Os políticos têm que perceber de uma vez por todas que a escola é um bem que não pode sujeitar-se continuamente a argumentos de facção e muito menos de olhares censuráveis e investidas de prepotência. As consequências do que se faz e do modo como se faz em matéria de políticas educativas tem um efeito multiplicador de imprevisível repercussão. As atitudes tomadas em desrespeito pela escola e pelos seus agentes vitima os seus próprios autores, e as feridas resultantes são difíceis de sarar.
Os professores têm hoje, razões profissionais e emocionais de fundo para assumirem com grande determinação as escolhas políticas para a próxima governação. E, serão, sobretudo opções cuja expressão revelará um sentimento de revolta em consequência de um orgulho profissional ferido. Ferido pelo desrespeito com que foram mimados, pelo desgaste da sua imagem social, e pela total desestruturação conceptual da profissão e do seu futuro.
No próximo ano escolar a harmonia do funcionamento das escolas e a pacificação do estado de alma dos professores dependerá, sobretudo se for expectável e concretizada uma mudança sobre as questões que marcaram a indignação dos professores nestes últimos quatro anos. Os professores continuarão a exigir que lhes seja devolvido o seu verdadeiro papel funcional e a dignificação do seu estatuto profissional.
José Ricardo
Presidente do SPZCentro