Mensagem enviada ao FórumSubmitted by admin on Segunda, 10/10/2016 - 16:44
Mensagem enviada ao Fórum Fne, pelo Diretor do Comité Sindical Europeu da Educação, Martin Rømer
2016-10-08
Caros amigos:
Muito obrigado pelo convite. Fico sempre feliz por estar convosco. O mundo está cheio de desafios e parece também evoluir para uma situação incerta e desestabilizadora, que tanto afeta a Educação e os professores, mas também coloca o foco na importância da educação e de um ensino de qualidade. Como resposta a esta situação vou mencionar-vos uma série de prioridades:
Programas de ajuda financeira para alunos / estudantes; o aumento das propinas no ensino superior e em contribuições dos pais para cobrir os custos ao nível pré-escolar e escolar; a diminuição de investimento alocado a recursos humanos e reduzidas oportunidades para o desenvolvimento profissional de professores e educadores em toda a Europa.
Todos reconhecemos que as desigualdades são prejudiciais para o crescimento, e que a única maneira de resolver a sua transmissão intergeracional é investir numa educação equitativa, pública, de alta qualidade para todos. O setor da educação e os profissionais do ensino vivenciam uma grande variedade de desafios, relacionados com a crescente procura da sociedade de uma eficácia educacional. Isto implica uma maior ênfase na profissão docente, no seu estatuto, na formação inicial e no desenvolvimento profissional contínuo.
Os países com espaço fiscal disponível têm sido recomendados a usá-lo para garantir um crescente investimento público e reforçar o crescimento na educação. Por outro lado, os países em risco de infringir as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento têm sido largamente encorajados a fornecer incentivos para os investimentos privados (por exemplo, parcerias público-privadas), para um financiamento baseado em resultados, e para o reforço das parcerias de negócios com a educação em todos os setores educativos. A crescente privatização de serviços de educação potencialmente rentáveis e / ou o mecanismo de financiamento baseado em desempenho compromete a prestação pública da educação, em particular dos mais desfavorecidos do ponto de vista social e económico. A riqueza, o género, as desigualdades étnicas e geográficas são aprofundados pela privatização na e da educação, depois marginalizando e excluindo grupos do acesso e da participação na educação.
Uma narrativa mais positiva da educação pública de alta qualidade é a base para proporcionarmos a oportunidade a todas as crianças e jovens para aprender, independentemente da sua origem socioeconómica. A equidade deve ser a marca da qualidade da educação. É fundamental que o investimento público em educação seja excluído do cálculo dos níveis de défice e de dívida dentro das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. As autoridades e as instituições da educação devem enfatizar que as oportunidades do mercado privado não são necessariamente compatíveis com uma educação pública de qualidade; elas devem avaliar criticamente as vantagens e desvantagens de parcerias público-privadas e garantir que o sistema educativo não ceda aos interesses de lóbis num novo segmento extremamente competitivo para o mercado privado. As parcerias público-privadas não elevam os padrões de gestão e provaram ser ainda mais onerosas para as finanças públicas a longo prazo. Mesmo a partir de uma perspetiva puramente económica, a educação deve ser financiada e regulada pelo erário público. Os Estados devem tomar todas as medidas necessárias para garantir que têm receitas suficientes para financiar os seus sistemas de educação pública. Isto inclui o desvio de incentivos, subsídios e outras formas de bem-estar corporativo para serviços públicos, incluindo a educação, a luta contra a fraude e evasão fiscal, bem como o aumento da transparência e cooperação entre as várias administrações fiscais nacionais.
Para integrar o uso da tecnologia no currículo, e para assumir um papel de liderança na definição do uso das TIC na educação, os professores precisam de muitas competências e qualificações diferentes;
• De acordo com a pesquisa 2 do Programa da OCDE para a Avaliação Internacional das Competências dos Adultos - o chamado PIAAC -, cerca de 70 milhões de europeus não têm competências suficientes na leitura, escrita e numeracia, e 40% da população da União Europeia carece de competências digitais. As competências de aprendizagem linguística, competência na consciência cultural e na expressão e as competências pessoais são raramente enfatizadas. Ensinar as competências essenciais e a concentração nos resultados de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências) têm contribuído para muitos desenvolvimentos positivos nos sistemas de ensino. No entanto, este foco não foi integrado em todo o desenvolvimento profissional inicial e contínuo dos professores a nível nacional.
A fim de lidar com a crescente risco de uma escassez de profissionais de educação qualificados e experientes, tendo que lidar, ao mesmo tempo, com crescentes desafios e exigências sociais, a formação inicial de professores e o desenvolvimento profissional contínuo devem receber maior ênfase e mais recursos.
Martin Rømer Diretor do Comité Sindical Europeu da Educação
Tags: |