As decisões draconianas com que fomos confrontados, relativamente às medidas aprovadas pelo Conselho de Ministros, revelam o mais absoluto desprezo pelas pessoas, nomeadamente por todos os trabalhadores que constituem a classe média deste país.
Todos nós temos consciência da importância da redução do défice para a credibilidade externa do país. Porém, não podemos fazer dessa redução o único objectivo de Portugal.
Se era preciso cortar na despesa foi, certamente, muito mais fácil cortar nos salários e subsídios dos funcionários públicos, porque é o Estado que assegura esse pagamento.
Não consideramos contudo que esse caminho seja o mais acertado, porquanto apesar dos cortes a que os Funcionários Públicos têm estado a ser sujeitos, nomeadamente diminuição até dez por cento dos salários e metade do subsídio de Natal já para este ano, não houve melhoria nas contas públicas.
Ou seja, se efectivamente como ontem foi revelado pelo primeiro-ministro as contas públicas continuam sem controlo, ficou claro que não é a despesa com os funcionários públicos que está no cerne do problema, nem será à sua custa que o défice será resolvido.
O Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC) considera, por isso, que as medidas ontem anunciadas são apenas uma forma de deixar a classe média mais pobre, baixando os salários dos Funcionários Públicos e diminuindo a despesa do Estado com salários.
O SPZC antevê tempos de uma colossal gravidade para os portugueses e por um período indeterminado, como aliás foi sublinhado pelo primeiro-ministro.
O SPZC entende, por isso, que não é justo que sejam os Funcionários Públicos a pagar os custos da redução do défice, quando não são eles os responsáveis pela situação a que o país chegou e quando os culpados por esta conjuntura continuam de fora destes sacrifícios.
O SPZC está aterrado com as medidas ora anunciadas e não deixará de se opor a todas as decisões políticas que, de uma forma cega, visem apenas um corte nos salários e nas prestações sociais.
Coimbra, 14 de Outubro de 2011