Resolução do Secretariado Nacional da FNE 15 de maio de 2013Submitted by editor1 on Quinta, 16/05/2013 - 23:42
Resolução do Secretariado Nacional da FNE 15 de maio de 2013
2. As orientações anunciadas violam gravemente princípios constitucionais relativos ao impedimento de despedir trabalhadores da administração pública, pretendendo esconder sob designações perversas o que na prática são efetivos despedimentos ilegais neste sector, contrariando o que o mais recente estudo da OCDE afirmava em relação à dimensão do número de Trabalhadores da Administração Pública em Portugal. 3. Estas medidas constituem um desrespeito inaceitável por acordos celebrados entre o Estado e as organizações sindicais para suportarem alterações legislativas anteriores, nomeadamente a Lei de Vínculos, Carreiras e Remunerações e o Regime Jurídico do Contrato de Trabalho em Funções Públicas. 4. Além destas medidas que afetam os Trabalhadores no ativo, o Governo anunciou ainda a intenção de produzir legislação que reduz o valor nominal das pensões de aposentação. 5. Trata-se de um conjunto de decisões que, na nossa perspetiva, violam flagrantemente a legislação em vigor e que não preservam a confiança que deve presidir à relação entre trabalhadores e entidades patronais, no quadro dos deveres mútuos contratualizados. 6. A consequência destas políticas, em termos globais, é apenas mais austeridade, mais empobrecimento, mais recessão e menos perspetivas de crescimento, desenvolvimento e emprego. 7. Na área da educação, as medidas que têm sido preconizadas põem em causa a qualidade da educação, em acréscimo aos efeitos negativos de outras decisões anteriores, como a revisão curricular imposta em 2012, um processo de agregação de escolas para unidades organizacionais de dimensão inaceitável, o aumento do número de alunos por turma, cuja resultante mais imediata foi o crescimento exponencial da precariedade e do desemprego. 8. As políticas globais e setoriais até agora executadas têm falhado sucessivamente nos objetivos e não trazem nenhum sinal de esperança para os portugueses, pelo que se torna imprescindível exigir outras políticas que vão no sentido do crescimento, do desenvolvimento e do emprego, impedindo ainda que outras medidas mais gravosas se acrescentem às que já estão anunciadas. 9. No setor privado, acaba de ser denunciado o Contrato Coletivo de Trabalho do setor, tendo sido apresentada uma proposta de novo CCT que aumenta o tempo de trabalho e reduz brutalmente os salários. 10. É por estes motivos que a FNE decide: 10.1. lançar, entre 27 de maio e 14 de junho, uma campanha nacional sob o lema “a educação em ação por um futuro melhor”; 10.2. participar ativamente nas ações de contestação e luta que venham a ser desenvolvidas pela FESAP e pela UGT para combate a estas medidas; 10.3. promover, pelos meios ao seu dispor, a contestação jurídica das medidas que o governo pretende implementar; 10.4. dar conta das fortíssimas preocupações em relação ao impacto negativo destas medidas quer aosGrupos Parlamentares quer à Comissão Parlamentar de Educação e ainda ao Provedor de Justiça; 10.5. continuar a participar, até ao limite do que for imprescindível, nos processos negociais que ocorrerem, para impedir medidas mais gravosas para os Trabalhadores que representa; 10.6. esclarecer e mobilizar a sociedade em torno do objetivo de garantia de uma educação pública de qualidade com equidade; 10.7. contribuir para, em concertação e convergência com outras organizações, promover iniciativas de mobilização para contrariar estas políticas; 10.8. realizar, durante o mês de junho, uma campanha junto dos estabelecimentos de ensino privado para esclarecimentos sobre as propostas de novo CCT que acabam de ser apresentadas e receber contributos para a negociação do novo instrumento coletivo de trabalho. Lisboa, 15 de maio de 2013
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