Contra o ataque sem precedentes aos trabalhadores portuguesesSubmitted by admin on Sexta, 08/10/2010 - 17:48
O Secretariado Nacional da FNE, reunido de urgência no dia 7 de Outubro de 2010, considera que o conjunto de medidas que o Governo já anunciou que vai estabelecer sob a forma de lei, constituem um ataque sem precedentes aos trabalhadores portugueses, e particularmente aos da administração pública, nomeadamente os da educação, docentes e não docentes, assumindo ainda proporções inaceitáveis em relação aos trabalhadores aposentados. Perante medidas de tal brutalidade, a resposta dos trabalhadores e dos seus sindicatos não pode deixar de ter idêntica dimensão. Aquando da determinação das decisões que constituíram o chamado PEC II, a FNE exigiu: a) que as medidas escolhidas correspondessem à efectiva dimensão da resposta que deveria ser adoptada para eliminar os problemas económicos identificados; b) que se estabelecesse um mecanismo de controlo e acompanhamento, para que se garantisse a sua aplicação em conformidade com os objectivos definidos.
Era então claro para a FNE, e tendo em conta a responsabilidade de quem identificava tais medidas e a sua própria dimensão, que era inadmissível que elas não fossem as suficientes para que não se voltassem a pedir novos sacrifícios aos trabalhadores. A verdade é que aquelas medidas, que foram anunciadas como suficientes, foram mal aplicadas, sem que o Governo tenha prestado contas sobre o que fez ao esforço já realizado, já que impõe agora novos constrangimentos que têm consequências que vão perdurar por muitos anos. Com efeito, esta quebra salarial já determinada, só daqui a muitos anos é que poderá ser ultrapassada. A propósito, impõe-se lembrar que os trabalhadores portugueses da administração pública já viram congelada a consideração do seu tempo de serviço prestado entre 30 de Agosto de 2005 e 31 de Dezembro de 2007 e que acumularam até 2009, cerca de 10% de perdas salariais sucessivas que o aumento de 2,9%, determinado em 2009, obviamente não cobriu. Deste modo, quem falhou no compromisso que antes assumiu não nos merece confiança para as decisões que agora anuncia. É legítima, portanto, toda a insegurança e desconfiança. E sobretudo é imperioso exigir o fim das políticas de empobrecimento dos trabalhadores portugueses. Alguns querem fazer-nos crer que estas novas medidas que agora nos querem impor estão em linha com as que outros países determinaram para responderem a situações de idêntica natureza e dimensão. Esquecem-se, no entanto, de referir que os salários dos portugueses estão entre os mais baixos da União Europeia e que, nalguns casos, qualquer diminuição de salário representa a passagem para situações de pobreza inaceitáveis. Mas, mesmo em relação às medidas agora anunciadas, surgem-nos fundadas dúvidas sobre o seu real impacto. Com efeito, orientações cegas de congelamento universal do investimento público só podem ter como efeito o aumento do desemprego. O crescimento do IVA, se não for acompanhado por medidas concretas e activas de combate à evasão e à fraude fiscais, poderá não ter por consequência as receitas fiscais que se esperam. A alteração dos escalões do IRS pode não ter o impacto esperado se, como se tem visto, os mais altos rendimentos conseguirem encontrar fórmulas de não serem considerados. A acrescer a tudo isto, e com impacto particular na área da educação, não se pode deixar de denunciar as consequências que a este nível decorrem da decisão de diminuir as transferências financeiras para as autarquias. O cinismo que aqui se demonstra tem uma dimensão que não pode deixar de ser evidenciada e considerada intolerável: quando as autarquias acederam receber um acréscimo significativo de responsabilidades, em termos de construção e manutenção dos centros escolares, do funcionamento das AEC, da gestão dos trabalhadores não docentes, da disponibilização dos apoios sócio-educativos, e da garantia do funcionamento dos transportes escolares, o Governo decide reduzir as compensações financeiras que um tal acréscimo de responsabilidades deveria significar. Deste modo, o que está em causa é também o serviço público de educação.
É, pois, legítima a indignação dos trabalhadores da administração pública portuguesa, porque: - Vêem desconsiderado o esforço que sucessivamente têm sido chamados a realizar, em nome do interesse nacional; - É preciso acabar com políticas lesivas e gravosas de salários e pensões; - Continuam a considerar que não são adoptadas medidas claras de combate ao desperdício, nomeadamente quando vêem todos os dias competentes trabalhadores da administração pública a serem substituídos por assessorias de muito duvidosa relevância e de absoluta inutilidade pública; -
Discordam da diminuição de condições para a consolidação de um serviço público de educação de qualidade. - basta de PEC’s assentes na desvalorização de salários e pensões; - o Estado deve eliminar os desperdícios de cada dia; - chega de austeridade pela austeridade; - exigem-se medidas eficazes de promoção de políticas fiscais justas.
- garantir um serviço público de educação de qualidade; - reformular as orientações anunciadas, no sentido de eliminar o seu impacto sobre os salários e pensões; - assumir medidas justas de combate ao desperdício no Estado e no sector empresarial do Estado; - negociar políticas fiscais justas; - estabelecer mecanismos com participação das organizações sindicais para acompanhamento do impacto das medidas que vierem a ser adoptadas.
|